"Tua dor temperará o sabor de tudo que aspiras"

Circo


Quando criança queria construir um circo no porão de minha casa.
Minha casa não tinha porão e eu nem sabia que porão tinha esse nome, mas eu sabia que queria cavocar um buraco em frente a porta da sala.
Apresentei, então, o meu projeto ao meu vizinho pedreiro que se prontificou no mesmo instante. Logo vi que meu vizinho pedreiro era um homem de visão e uns vinte anos depois também vi que adultos sempre dizem sim em prol aos nossos sonhos quando a gente nem sabe que eles apenas os são e quando por um instante se permitem também serem tocadose levados a um universo que até os 6 ou 7 dominamos soberanamente.
Na entrada uma cortina de duas folhas azuis e bordas douradas, que tapavam tudo, mesnos o intencional mistério. Algumas luzes que permitissem apreciar o colorido no caminho que levava ao picadeiro.
Iria cobrar alguns cruzeiros pela entrada e convocar o exercito de coleguinhas da rua para usar como meus macaquinhos de circo. Não pretendia pagá-los porque assim como seria uma imenso prazer criar, gerenciar e participar dessa palhaçada sempre acreditei que não havia maior pagamento do que eu permitir que a molecada pudesse sentir o mesmo que eu.
Nunca aprendi a virar estrela e sinceramente não sei bem o que eu faria dentro do meu próprio circo, mas sempre fui fascinada por cores fortes , maquiagem, trapézios....apesar do meu medo de altura, descoordenação para malabares...Ou seja uma circence nata! Uma verdadeira palhaça!
Não, não costruí o circo de cortinas azuis e douradas. Os meus coleguinhas já nem sei onde estão.
Mas se eu encontrar por aí uma criancinhas assim, com esses sonhos ou outros sonhos seus, estou pronta pra cavocar e cavacar e cavocar.

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